domingo, fevereiro 08, 2009

Março será melhor que fevereiro

Janeiro foi um mês fraco pro blog? Muito provavelmente. Mas não o foi pra mim. 

Iniciei um novo emprego, fiz aniversário, li metade de um livro (mais do que em 2008 inteiro), e comecei a engatinhar dois dos interessantes projetos que citei no início do mês passado. Vamos ver como fica mais pra frente.

A idéia é atualizar as resenhar pendentes - o que deveria ter feito em Janeiro e não tive suficiente tempo - e falar um pouquinho de todos os assuntos que pretendo falar por aqui, pra termos uma idéia do que será feito no restante do ano. Por isso, março será melhor que fevereiro - pois em março as coisas já estarão encaminhadas. Continuo indo ao cinema, continuo buscando o quadrinho brasileiro bacana. 

E, claro, continuo com minhas recomendações à la Blogzine:

Livro da vez:  Ainda é Conan, o Cimério. Tenho que correr pra se pretendo conseguir ler 6 livros esse ano. Até o final do mês posto minhas impressões.

Na telona: O novo filme de Bryan Singer, Operação Valquíria, sobre a conspiração montada pelos alemães para assassinar Hitler, é a maior aposta que faço esse mês. Para assistir sem a namorada, há ainda Sexta-feira 13 e O Lutador, com Mickey Rourke.

Acompanhe: Dollhouse, a nova série de Joss Whedom, está vindo aí. Eu pretendo dar uma chance. 

Esse mês, por enquanto, não há muitas recomendações musicais, muito menos um sonho de consumo nerd. Aceito sugestões.

E o que fazer no carnaval? Eu recomendaria aproveitá-lo. Quem, entretanto, não suporta a barulheira, fica a dica: aproveite os cinemas vazios para ver os indicados ao Oscar de forma sossegada, e vá àquele restaurante bacana que você tava querendo conhecer.  

sábado, janeiro 31, 2009

Penitente

Criado pelo quadrinista Lorde Lobo (responsável também pelo cômico Topman), Penitente, é a mais recente surpresa que tive com quadrinhos brasileiros. Embalado pela qualidade d’O Necronauta, resolvi “dar uma chance” à novos materiais. Mas, ao mesmo tempo, não pretendia gastar 20, 30 reais num álbum de gente que não conheço.

A idéia era escolher justamente algo relativamente barato e que não aparentasse ser uma porcaria completa. Mas mais importante do que isso: algo que tivesse continuidade. Tenho uma certa simpatia pelas tiras do Homem-Grilo, mas seu especial durou apenas uma edição, sem planos de ir pra frente. Penitente já estava com sua segunda edição lançada, planos para especiais envolvendo outros personagens e uma terceira edição engatilhada.

Diacho, se havia passado da primeira edição é porque não era tão ruim quanto aparentava. E, lendo entrevistas do autor sobre o personagem, vi que a imagem que eu tinha do personagem podia ser equivocada.

Penitente #01

Roteiro: Lorde Lobo (com colaboração de Gerson Witte na primeira história)

Desenhos e arte-final: Nel Angueiras

Cores: Lorde Lobo

A primeira edição possui duas histórias razoavelmente curtas. Ambas escritas por Lorde Lobo e desenhadas por Nel Angueiras. Há uma interessante introdução, que tenta dar ao personagem um pano de fundo, uma história mais profunda. Sem se preocupar muito com sua origem e seus propósitos, Lobo “vende” logo o personagem dentro de uma aventura.

A trama é simples: jovens arruaceiros perseguem um pichador que havia “violado” sua “área” e deveria ser punido. Perseguição, desespero...

...até a intervenção do Penitente. A história termina de forma previsível, tão violenta quanto eu já esperava que fosse, mas ao mesmo tempo mostra que o Penitente é um pouquinho diferente dos personagens que lembra.

Inevitável não compara-lo com Spawn pelo conceito (assassino que voltou dos mortos) e com Grifter pelo visual (máscara vermelha cobrindo o rosto). Quando questionado acerca dessas semelhanças, Lobo cita Violent Messiah (que, visualmente, até lembra Spawn) e o Jack Flag da Marvel (que também usa uma máscara vermelha). Não considero essa a melhor das respostas, pois o Penitente, a parte da evidente semelhança na origem, possui uma temática diferente. Quando pede que orem por sua alma, o Penitente surpreende o leitor e mostra que pode haver mais do que mostra a superfície. No mais e mais, uma história mediana desenhada de forma competente por Angueiras – apesar dele derrapar num ou noutro quadro, o salto é positivo.

A segunda história é, pra mim, o melhor da edição, e mostra que a revista não serve apenas pra retratar as diferentes formas de se matar um criminoso. Nela, o Penitente vai ao encontro de um rapaz prestes à cometer suicídio. Um olhar mais preconceituoso retrataria aquela velha história de “suicidas são pecadores, vão queimar no inferno”. Um escritor menos comprometido poderia acabar criando uma história exageradamente melosa. Lobo acerta nessa – bem mais até do que na primeira história – e, ao mesmo tempo que já demonstra uma forte caracterização do personagem em tão poucas páginas, faz uma trama curtinha sem ofender o leitor. Em síntese, faz valer o preço de capa.

Penitente #02

Argumento e Roteiro: Lorde Lobo (Edvanio Pontes co-roteiriza a primeira história)

Desenhos: Israel Gusmão (primeira história) e Nel Angueiras (segunda)

Arte-final: Israel Gusmão (primeira história) e Nel Angueiras (em parte da primeira história e em toda a segunda)

Cores: Lorde Lobo

A segunda edição é um pouquinho mais complicada. Ao mesmo tempo que entrega aquilo que eu “pedia” – uma história mais longa e que aparentemente começa a formar uma mitologia pro personagem – o faz de forma, digamos, pouco satisfatória.

Não é ruim – ainda vou falar aqui dos quadrinhos brasileiros realmente ruins que tenho lido – mas, comparado ao que a primeira edição prometia, pode ser considerado, se muito, regular. A trama é bem clichê: o Penitente surge para impedir um ritual satânico, aonde uma virgem seria sacrificada. Sabe aquela história de que Penitente poderia ser mais do que mostrar as diferentes formas de assassinar uma pessoa? Bem, nessa história, em que Lobo divide os créditos do roteiro com Edvanio Pontes, é justamente isso é acontece: matança desenfreada e criativa. O que, convenhamos, é até legal de se ler, faz a gente rir das mortes bizarras e tudo mais, entretanto, após uma história como “O Suicida”, na primeira edição, não pude evitar o pensamento de que Lobo poderia ter “dito” muito mais com sua revista, e preferiu algo mais simples.

Os desenhos não são de Nel Angueiras. Israel Gusmão entregou um trabalho até mais bem cuidado, com um nível legal de detalhamento, mas parecia indefinido entre um estilo mais europeu (quando retrata a líder do culto) ou mais oriental (a virgem que iria ser sacrificada), o que incomoda às vezes.A história termina com um possível gancho pra histórias futuras. Vamos ver como continua. Há ainda uma história curta, de apenas duas páginas, com arte de Angueiras. Por ser tão curta, diz muito pouco – fica até difícil avaliar.

Apesar da série ainda não ter dito à que veio, é visível o esforço dos envolvidos em entregar um bom trabalho. Vale a conferida. Vale continuar acompanhando.

domingo, janeiro 25, 2009

The Darkness #09

A nova fase de The Darkness, habéis mãos de Phil Hester, continua. E, conforme São Google revela, aparentemente, só eu estou acompanhando.

O que é uma grande pena. E a edição de dezembro é mais uma amostra disso. Nela, continua o arco desenhado pelo convidado Jorge Lucas, em que se vê Hester trabalhando a mitologia do personagem.

The Darkness #09
Roteiros: Phil Hester
Desenhos: Jorge Lucas
Top Cow/ Image Comics 
Janeiro de 2009

A edição começa imediatamente após o gancho deixado pela
anterior. Jackie acorda no que aparenta ser um quarto de hospital. Procurando o responsável por lhe levar até lá, encontra um homem que se autodenomina The Sovereign (ou, em bom português, O Soberano). E, como já está se tornande de praxe, Jackie se dá muito mal.
O conflito entre os dois é mais psicológico do que físico, e em ambos O Soberano se mostra aparentemente superior à Jackie, que encontra-se muito enfraquecido. O fato de The Darkness ser um título um pouquinho mais alternativo permite à Hester bagunçar muito do personagem, e isso tem rendido histórias bem interessantes.

Essa já começa dizendo que a alma e o corpo de Jackie foram separados, e alma encontra-se no inferno - isso é até mostrado de forma exageradamente gráfica. E para recuperá-la, Jackie deverá, pasme, matar um demônio que havia possuído a alma de uma freira cuja caridade compara-se à de Madre Teresa. Essa "missão" rende bons diálogos, chega à levantar a possibilidade de um questionamento, mas Hester não quer dar uma de filósofo, quem entreter o leitor um pouquinho mais velho. E, de forma razoavelmente doentia, faz com que os surpreendentes desenhos de Jorge Lucas retratam a mais bizarra luta que jamais imaginei ler.

A edição termina de forma melancólica, com algumas pontas pras próximas edições.
É interessante notar que há um planejamento à longo prazo pras histórias, com uma confortável sensação de que, por mais que as coisas estejam indo de forma descomprimida, estão indo sim à algum lugar.

Ainda não é uma leitura essencial, mas definitivamente supera - e muito - o que tem muitos escritores de renome tem feito com personagens mais famosos.

sábado, janeiro 03, 2009

Entrevista com Timothy Truman, parte 1

Começa aqui uma iniciativa que eu acho que vai adicionar muito ao blog - entrevistas com profissionais ligados aos quadrinhos. A idéia surgiu no MBB, fórum do qual participo. O escolhido foi Timothy Truman, autor de aclamadas séries como Grimjack, Hawkworld e Jonah Hex, e atualmente, o escritor de Conan, o Cimério.

1-
Porque você não começa nos contando um pouco sobre você?

Eu nasci no estado de West Virginia em 1956 e cresci no campo, numa família de mineradores. Terminei o colegial em 1974 e casei-me com minha esposa Beth pouco mais de dois meses depois – e ainda estamos casados, ela é o amor da minha vida. Enquanto ela terminava sua faculdade, eu trabalhava e tentava a carreira de músico. Quando ela se formou, eu fui à Joe Kubert School, aonde estudei de 1979 à 1981, e me formei com honras. Dois dias depois de ter me formado, consegui meu primeiro trabalho como ilustrador, e por três ou quatro anos eu trabalhei majoritariamente com ilustrações para livros de RPG com temas como fantasia e ficção-científica. No início dos anos 1980, comecei com as histórias de Grimjack e Starslayer para a First Comics.


Beth e eu temos dois filhos, Benjamin e Emily. Ben estuda Design de Jogos para Computador no Art Institute of Pittsburgh. Emily é estudante de fotografia Pennsylvania College of Art and Design.


Minha biografia completa pode ser encontrada no meu website, http://www.timothytruman.com .


2- Quando você percebeu que queria ser um artista?

Minhas irmãs e minha mãe costumam dizer que eu começei a desenhar no momento em que era grande o suficiente para segurar um lápis com minha mão. Sempre quis ser um artista, um escritor, um músico. E fui capaz de me tornar os três.

3- O que surgiu primeiro: A vontade de escrever ou de desenhar?

Eu gusto de ambas as atividades igualmente. Quando estou desenhando, quero estar escrevendo. Quando estou escreveu, quero estar desenhando. Quando estou escrevendo e desenhando, eu quero estar tocando minha guitarra! São minhas três grandes paixões.


4- O que lhe agrada mais: Escrever ou desenhar?

Honestamente, escrever me agrada mais, mas apenas porque eu tenho mais confiança na qualidade da minha escrita do que na dos meus desenhos. Foi somente nos últimos cinco anos que eu finalmente comecei a fazer um trabalho artistico com o qual eu esteja verdadeiramente feliz. Tenho muito orgulho da minha arte, mas sou também meu maior crítico. De qualquer forma, fico muito feliz que hajam tantas pessoas que gostam do meu trabalho. Amo meus fãs. E, no final das contas, eu tenho que desenhar. É algo que eu praticamente sou obrigado à fazer, acabo tendo pouco poder de decisão nessa questão.

5- Como escritor de quadrinhos, quais são seus métodos na hora de elaborar um roteiro?

Varia de um trabalho pro outro. Minhas histórias geralmente surgem após um pouco de pesquisa da minha parte. Eu reflito sobre a personalidade do personagem sobre o qual estou escrevendo e tento encontrar algo que o forçaria a reagir. Por exemplo, recentemente eu tive que preparar para meu editor em Conan, Scott Allie, um resumo da direção em que pretendia levar Conan nas minhas primeiras doze edições, mais ou menos. De acordo com a linha do tempo estabelecida para o personagem e com as anotações deixadas por Robert E. Howard, após os eventos de “Rogues in the House”, Conan retornou para sua terra natal, a Ciméria. Então eu precisava bolar uma razão para ele faze-lo ir até lá, e uma trama interessante após sua chegada.


Bem, minha esposa e eu estavamos de férias, e fomos à um museu, aonde havia uma amostra sobre o “Bog People” (em português, é algo como “povo das turfeiras”), celtas vindos das regiões que hoje correspondem à França, Irlanda, etc, que eram estranguladas e desovadas em turfeiras. Tendo em mente que Howard imaginava os cimérios vagamente similares aos celtas, eu me peguei imaginando o que aconteceria se Conan, ao retornar à sua terra natal, encontrasse um desses bizarros rituais ocorrendo. O que ele faria?


Em outras oportunidades, eu estabeleço um tema para a história e coloco o personagem para reagir à ele. Por exemplo, com Hawkworld, queria abordar o tema dos ideais utópicos. Com isso em mente, eu quis brincar com o fato de que Katar Hol, o Gavião Negro, era um idealista e historiador ávido. Ele descobre a verdade sobre seu aparentemente utópico planeta, Thanagar – ele foi construído por séculos de um sistema repressivo e escravidão virtual. Isso despedaça seus ideais e faz da sua vida um inferno. Ele se redime, e acaba se tornando um herói quando decide se comprometer com seus ideais.


É basicamente assim que funciona: Eu penso sobre o personagem, e crio uma situação ou tema para eles reagirem. Isso dá tanto à história quanto ao personagem uma maior profundidade.


6 – Como é o seu relacionamento com seus editores? Como funciona, por exemplo, para elaborar um roteiro completo para a próxima edição de Conan?

Eu sempre me dei muito bem com a maioria dos meus editores. Scott Allie, em especial, está se mostrando um dos melhores. Ele é o mais analítico de todos os roteiristas que trabalhei, o que pra mim é ótimo. Ainda estamos nos acostumando com a forma que cada um de nós trabalha, mas está indo tudo muito bem. Descobri que eu e Scott abordamos assuntos de forma similar, e compartilhamos as mesmas idéias sobre os personagens e como desenvolver suas histórias. Scott Allie me faz examinar minhas próprias histórias um pouco mais do que outros editores com que trabalhei fariam. Eu o respeito muito. Faremos, creio, um trabalho fantástico.


Outros editores com quem trabalhei me mimavam um pouco mais, me deixando fazer o que eu quisesse. É evidente que eu gosto de trabalhar assim – mais de “mim” vem à tona no texto. Meu editor em Grimjack, Mike Gold, é assim – ele simplesmente deixa eu e John Ostrander livres na caixinha de areia como crianças, e como uma boa babá, apenas nos observa, mas sabe também a hora de se juntar à brincadeira e trazer suas próprias idéias. Cat Yronwode, que editou meu trabalho em Scout, era ótima para se trabalhar também.


Eu tive sorte com a maior parte dos meus editores. Geralmente, trabalho com pessoas que conhece meu trabalho bem o suficiente para saberem que podem me deixar relativamente sozinho. Eu sou como um velho cavalo selvagem. Se você tentar colocar rédeas em mim, eu tendo à lutar contra elas.


Costumo escrever o roteiro inteiro, embora algumas vezes eu tenha feito um argumento primeiro. Costumo partir direto pro roteiro porque eu também sou um artista, e, como tal, sou muito visual. Eu imagino os quadros, e escrevo a história, então tento deixar bem claro pro artista o que estou imaginando. Claro, sempre deixo tanta liberdade quanto possível, para que eles também possam contribuir com a história. O que eu mais quero é que o artista aprecie o fato de estar desenhando meu roteiro tanto quanto eu apreciei escrever. Trabalhando com John Ostrander, vi que escrever é uma colaboração com o artista. Não posso querer que ele seja as minhas mãos, simplesmente. O roteirista tem que dar ao artista a liberdade necessária para que possa contribuir tanto para a história como ele havia.


6.5. - O editor lhe diz o que fazer e o que não fazer?

Ver resposta anterior. Eu trabalho melhor com editors que me deixar brincar livremente e ser estranho. Entretanto, eu sou fácil de se trabalhar com. Se estou trabalhando num personagem cujos direitos pertencem à outra pessoa, eu aceito as opiniões e preocupações de um editor. Afinal, é o trabalho dele cuidar daquela propriedade na qual estou trabalhando, e eu respeito isso. Entretanto, se estou trabalhando com meus próprios personagens, eu espero no mínimo ser capaz de fazer o que eu bem entender com eles. É mais ou menos como alugar uma casa e ser dono de uma. Se a casa é sua, você pode pintar as paredes da cor que quiser, alterar o que quiser.


7 - Como foi que a Dark Horse lhe convidou para escrever Conan? Você é fã do personagem?

Conforme eu ia finalizando Grimjack: Killer Instinct, eu comecei a pensar no que eu gostaria de fazer em seguida. Eu sempre amei Conan, e sempre quis escrever uma história do personagem, e estava gostando bastante do trabalho que a Dark Horse estava fazendo. Na mesma época, eu vi um anúncio para “Conan e as Jóias de Gwahlur”, escrita e desenhada por P. Graig Russell. “Uau”, eu pensei. “Eles estão fazendo minisséries com o Conan agora? Será que vão fazer mais?”. Então eu mandei um e-mail para Scott Allie, dizendo-lhe que eu era um fã de Conan desde 1969, 1970 e que, se eles precisassem de um artista para uma minissérie ou até mesmo de um fill-in (artista tapa-buraco, que ajuda apenas em uma edição) eu adoraria fazer algo.


Quase na mesma hora ele me respondeu e antes que qualquer um de nós percebesse, já estávamos desenvolvendo “Conan e os Hinos dos Mortos”, uma minissérie em cinco parte, escrita por Joe R. Lansdale. E ficou simplesmente fantástico. É sangrento, é engraçado, é dramático, é algo que fica à altura do legado de Robert E. Howard. O fato de ser “celtas” como Howard ajudou. A origem de Howard, sua vida, realmente tem peso nos seus textos, mesmo em textos de fantasia. E para descendentes de irlandeses e escoceses como nós, é algo que vemos de forma diferente.


Enfim, pouco depois d’eu ter começado a trabalhar com “Hinos dos Mortos”, eu recebia outra ligação de Scott, desse vez com ele me oferecendo a oportunidade de desenhar duas edições da série mensal. Foi interessante ajudar Kurt à colocar em prática alguns de seus planos para o Princípe e para o Wazir, que aparecem de tempos em tempos na série.


Então, em Dezembro, começaram a circular rumores de que Kurt sairia do título e EU estava sendo cogitado para ser seu substitute.
Na hora eu contatei Scott, que confirmou. Foi realmente inesperado, e eu não poderia ter ficado mais feliz. Eu descobri que tanto Kurt Busiek quanto Mike Mignola haviam sugerido meu nome para Scott logo depois que Kurt aceitou ser contratado pela DC. Eu voei para Oregon para me encontrar com Scott Allie, Kurt Busiek e Mike Richarson para finalizar o contrato – e antes que eu soubesse, já era oficialmente o novo escritor de Conan. Como eu disse, é a realização de um sonho que eu tenho desde meus 12 anos de idade.


8 – Qual é a sua opinião sobre o trabalho de Roy Thomas?

Roy escreveu grandes histórias de aventura. Aquelas histórias antigas são muito divertidas de se ler, e a arte tanto de Barry Smith quanto de John Buscema foram uma grande influência para mim. Entretanto, eu deixei de acompanhar o título quando Roy, após adaptar a Rainha da Costa Negra, decidiu fazer aquela longa seqüência de histórias “Conan encontra Tarzan”, coisa com a qual eu simplesmente não me importava. Veja bem, eu era um grande fã do trabalho de Robert E. Howard muito antes da série da Marvel ser lançada. E nunca li nenhuma dos livros-“continuações” da série que eram escritos por outros autores que não Howard – apesar de ter gostado de alguns dos contos escritos por Lin Carter, em especial “The Thing in the Crypt”. Um dos meus contos favoritos do personagem era justamente “Rainha da Costa Negra”. Eu não gostei de “Amra”, o Tarzan que Thomas inventou, e o trabalho de Buscema no título já começa à apresentar sinais de cansaço, talvez pela quantidade de títulos que ele desenhava na época.


Entretanto, continuei acompanhando as histórias publicadas em “A Espada Selvagem de Conan”. Aquelas histórias em preto e branco eram sensacionais – e eu tenho todas. Roy parecia ser capaz de fazer naquelas histórias algo que fosse verdadeiramente à altura do que Robert E. Howard fazia nos livros, e a arte de Buscema era sensacional nelas. Eu sempre preferi histórias em preto e branco do que coloridas de qualquer forma – Creepy; Eerie; Vampirella; Savage Tales; quadrinhos europeus e sulamericanos; Savage, por Gil Kane; Saber por Gulacy e McGregor; as antologias StarReach, os gibis underground publicados na década de 1970. Enfim, nessas obras eu era capaz de ver a arte-final dada aos desenhos, e Buscema tinha alguns dos melhores arte-finalistas de todos.


De todos, o meu artist favorite em Conan é, entretanto, Neal Adams, ainda que ele tenha feito apenas uma história completa e partes de outras. Ele foi o único, na minha opinião, a verdadeiramente capturar a mesma ferocidade elegante que Frank Frazetta imprimia ao seu Conan nas capas que fez para os livros de Conan. Ele desenhava Conan conforme eu o imaginava. Quando o Conan de Adams se movia, havia uma periculosidade e uma graça quase ferina nele, exatamente como Howard descrevia o personagem.


Mas a melhor adaptação de um trabalho de Howard nos quadrinhos pra mim, não é nenhuma das histórias de Conan, mas a adaptação de Mike Plogg fez de “The Mirrors of Tuzun Thune”, um conto de Kull, publicada numa das edições de A Espada Selvagem de Conan. Ploog desenhou a história inteira com carvão. Simplesmente incrível. Eu também gusto de “Almuric”, que Tim Conrad fez para a Epic Illustrated (posteriormente republicada por Mike Richardson e a Dark Horse).

E, claro, “Pregos Vermelhos” (no Brasil, “Cidadela dos Condenados”), por Barry Smith. É o melhor que pode haver em arte de quadrinhos, assim como suas últimas quatro ou cinco edições na série mensal.


Dito isso, para mim, o Conan da Marvel existe num universo diferente do Conan de Robert E. Howard. Eu adoro aquele material, mas eles são o Conan como a Marvel o imaginou, não como Howard o imaginou.

Minhas histórias serão diferentes das da Marvel. Eu considero Conan um personagem incrivelmente complexo, e eu pretendo me aprofundar no que o faz funcionar. Há uma razão para ele ter um apelo tão grande, pra ele ter durado tanto tempo, e eu quero explorer as coisas que o fazem funcionar.


9 - Quais são seus planos para o título? Mais adaptações de histórias de Howard, mais histórias originais, arcos mais longos?

Eu adaptar os contos de Howard, mas, entre as adaptações, vou examiner o material de Howard e bolar histórias completas entre uma história e a próxima, compreendendo a linha de tempo estabelecida. Um das coisas mais incrivéis no trabalho de Howard são as coisas que ele deixa para brincarmos- pequenas pistas sobre histórias não-contadas de Conan e coisas assim. Então pretendo deixar minhas histórias originais os mais próximo possível do que Howard pretendia com suas histórias, ao mesmo tempo que teria a oportunidade de explorar algumas de minhas concepções sobre o personagem e seu mundo. Quando eu escrevo novas histórias, eu quero escrever coisas que o próprio Howard gostaria de ler e dizer “Nada mal! Nada mal mesmo! É isso aí!”. É esse o objetivo.


Eu nunca gostei de nenhum dos livros de Conan escritos por outros autores. Para mim, Howard era o único cara capaz de escrever Conan. Agora, entretanto, como parte do meu trabalho, me tornarei um daqueles escritores que eu tanto evitei! Eu vou ter que elaborar minhas próprias histórias, conceitos e personagens. Então eu sinto que tenho a obrigação de ir mais além e me manter ainda mais fiel ao trabalho de Howard que qualquer outra pessoa seria.

10- Qual é a sua opinião sobre o trabalho de Busiek? Você sentiu pressionado de alguma forma?

Kurt é um grande escritor. Ele trouxe grande humanidade à personalidade de Conan, e contou as histórias exatamente como elas deveriam ser contadas. Eu gostei da forma como ele retratou Conan no início de sua carreira. Quando Conan começou sua jornada, o cimério está ao mesmo tempo fora de seu meio-ambiente e adorando cada minuto. Kurt fez um grande trabalho mostrando Conan como um personagem forte que é capaz de lidar com qualquer problema com o qual seja confrontado, mas ao mesmo tempo é um jovem que ainda não teve muita experiência.

Kurt me entregou o personagem num grande ponto de sua vida – pouco antes dele tomar a decisão de se tornar um mercenário e, posteriormente, um pirata. Então eu estou tendo a oportunidade de mostrar um Conan um pouco mais durão.


11 - Você está prestes a começar uma série mensal, então aqui vai uma pergunta complicada: o que é melhor, escrever numa base mensal, com altos e baixos, mas com continuidade, ou contar apenas uma única grande história limitada?

Com outros projetos, eu preferiria escrever minisséries – histórias mais curtas, mas com maior impacto. Mas Conan é diferente. Com ele eu tenho a chance de explorar anos da vida de um dos meus personagens favoritos.

808s and Heartbreak, por Kanye West

Se estou recomendando à você que escute-o, nada mais justo do que publicar também uma resenha, não?

808s and Heartbreak é o título que Kanye West deu ao seu último álbum. Lembro-me do dia (ou melhor, da noite) em que me tornei fã de Kanye West. 808s mostra a evolução desse cara, fazendo um álbum que, ao mesmo tempo que ainda é "a cara dele" é totalmente diferente do que ele fez anteriormente.

2007 foi um ano ímpar para West. Lançou um dos álbuns mais notórios do ano, superando todos os outros rappers dos Estados Unidos. Mas também terminou um longo relacionamento com sua noiva e viu sua mãe falecer. Ascendeu definitivamente ao papel de celebridade, ao passo que viu sua vida pessoal se despedaçar.

O que diabos passou pela sua cabeça, virou 808s and Heartbreak. Mas, ao passo que é um disco tão pessoal quanto College Dropout, seu primeiro álbum, mostra West num estilo bem diferente, cantando mais do que fazendo raps, usando e abusando do auto-tune (programinha que, ao mesmo tempo que permite que a Paris Hilton consiga mentir que sabe cantar, permite criar interessante distorções vocais) em suas canções.

Talvez se eu não estivesse num relacionamento bacana e sim tivesse acabado de levar um pé na bunda, esse álbum fosse ainda melhor. Mas, mesmo assim, os temas abordados por West são universais e fazem com que você acabe lembrando daquele antigo relacionamento. A canção de abertura do álbum, "Say You Will" dá logo o tom de álbum: batidas eletrônicas, canto ao invés de rap, e muita distorção.

"Welcome to Heatbreak", a segunda faixa, resume bem West em trechos como "My friend showed me pictures of his kids,/And all I could show him were pictures of my cribs./He said his daughter got a brand-new report card,/And all I got was a brand-new sportscar." ou, em português, "Meu amigo me mostrou fotos de seus filhos/ E só o que eu tinha pra mostrar eram fotos de minhas mansões./ Ele me falou do novo boletim de sua filha que ele recebeu,/ e só o que eu tinha de novo era um carro esporte.". Eu sei o que você está pensando. "Sim, e daí? Ele tá chorando porque tá rico?".

Mas de onde a Lindsay Lohan tira mediocridade, West cria algo muito bacana de se escutar, e que te faz pensar.

Os grandes destaques do álbum são "Love Lockdown" e "Street Lights", na minha opinião, mas curti bastante também "Coldest Winter", "Paranoid" e "Bad News".

DVD: Homem de Ferro Duplo

Talvez o mais bacana dos variados presentes de Natal que recebi, o DVD duplo de "Homem de Ferro" foi eleito o melhor DVD do ano - algo merecido num ano em que saíram diversos lançamentos vagabundos.
Garimpei no Jotacê algumas imagens:




Até eu que não me ligo muito em DVD reconheço que é mesmo um lançamento bacana. A luva metalizada é um daqueles "luxos desnecessários" que muito engrandecem o produto. Muito, mas muito bonito. A sacada de colocar na luva o Homem de Ferro em sua armadura e na caixa do disco Tony Stark em sua identidade civil foi muito bacana. Me decepcionei um pouco com o disco em si, que não possui nenhuma imagem, apenas tem escrito "Homem de Ferro", o número do disco e os dados dos direitos autorais. Um visual sóbrio demais. Entretanto, o que interessa é o que há DENTRO deles.

Menus bem elaborados (e traduzidos, se você preferir a versão em português), lembrando a oficina de Stark e a interface do Homem de Ferro, dão o tom. No primeiro disco, há o filme - sensacional - e cenas que foram cortadas da versão final. Posso dizer que nenhuma delas foi cortada injustamente, pois em sua maioria ou quebrariam o ritmo do filme ou a cena alternativa era melhor. As sequências escolhidas, tanto no início, com o ataque ao comboio de Stark, quanto no final, com a luta na Stark Enterprises, são melhores que a alternativa contida aqui. As cenas excluídas, por outro lado, por mais que fossem "quebrar o ritmo" do filme, explicam os furos do roteiro - como o fato do Cel. Rhodes estar procurando por Tony miraculosamente no mesmo dia em que ele escapa.

Há ainda um rápido trailer de "Iron Man - Armored Adventures", vindoura série animada com o personagem. É tão rápido que nem dá pra emitir uma opinião, só pra perceber que Tony será um adolescente franzino - o que não sei se vai dar muito certo.

O que torna a aquisição sensacional - e faz valer o preço mais caro - é mesmo o segundo disco. Há dois documentários verdadeiramente dignos de nota, "Eu Sou o Homem de Ferro" e "O Invencível Homem de Ferro". O primeiro conta todo a produção do filme. Não é algo tão assustadoramente completo quanto o que Bryan Singer fez em Superman Returns (que começa do dia em que ele recebeu a notícia que iria dirigir o filme, pra você ter uma idéia) , mas talvez justamente por isso consiga ser interessante mesmo para quem não se liga muito em extras, como eu. A empolgação de Favreau com todo o processo é notória por todo o processo de filmagem e pós-produção. Não consigo imaginar hoje alguém que teria tanta paixão no desenvolvimento de um projeto como esse quanto ele. O segundo, razoavelmente mais curto, trata da história do personagem nas histórias em quadrinhos. Se, por um lado, é válido por apresentar um apanhado de décadas de histórias, achei-o muito resumido. Não menciona, por exemplo, a "Guerra das Armaduras", em que Stark lutou contra sua criações, nem a fase de Kurt Busiek, muito menos o período em que Stark foi secretário de defesa dos Estados Unidos. Mas valeu por me apresentar a participação do personagem na formação da S.H.I.E.L.D (eu não sabia que havia sido ele à projeto o aeroporta-aviões, por exemplo) e falar sobre a Guerra Civil, um dos melhores eventos que já houve nos quadrinhos.

Há outros extras: Um de meia-hora exclusivamente sobre os efeitos especiais, que serve para termos uma melhor noção do processo e outros que, se muito, servem como curiosidade, como o teste de câmera de Robert Downey Jr, o processo criativo ator x diretor e um noticiário-piadinha sobre as expectativas dos fãs com adaptações de quadrinhos para a telona. Apesar de ter ajudo o primeiro interessante, não vi nada de mais nos outros dois.

Uma coisa que eu geralmente não me importo são essas galerias de imagem que geralmente colocam como extra. Talvez por associar à empresas vagabundas que inserem apenas isso como extra, além da filmografia dos atores, eu sempre achei isso algo bem idiota. Mas, pra provar que toda regra tem sua exceção, há esse DVD. Aqui, as galerias de imagem realmente tem um sentido para existir - muito bacana ver as idéias para os cenários e como pensaram em tudo na hora de elaborar o desenho das armaduras.

Enfim, um DVD praticamente irretocável. Recomendado à todo mundo.

quinta-feira, janeiro 01, 2009

Ok, vamos nessa?

Que tenhamos todos um feliz ano novo, pra início de conversa. Passada a loucura das festividades, é chegada a hora de relembrar o ano que passou e reavaliar nossas atitudes, pra poder planejar adequadamente o ano que vem por aí. É exatamente isso que estou fazendo enquanto escrevo essas linhas.

Na vida pessoal, há uma ou outra coisa que pretendo implementar, uns dois projetos que quero ver encaminhados - um possível negócio próprio e a produção de um curta-metragem da minha namorada- e aquelas pequenas coisas que poderão fazer a diferença. Na vida de blogueiro, pretendo fazer uma ou outra adição. Há também uns dois projetos que quero ver encaminhados, mas ainda são rascunhos à ser discutidos. E muito provavelmente seriam em outros endereços, à parte da idéia que tenho pro "Tiros no Escuro".

Mais e mais resenhas de quadrinhos. Quadrinhos bacanas que as pessoas não dão tanto valor, como Invincible, Dragon e The Darkness. Pra 2009, lerei ainda mais material alternativo, e publicarei aqui as minhas impressões. Seguirei, entretanto, resenhando Homem-Aranha e (mais pra frente) Superman.

Cinema. Falarei mais um pouco disso - e, consequentemente, tentarei assistir mais filmes neste ano. Vai depender da qualidade do que aparecerá na telona, e 2009 não parece muito promissor nesse quesito.

Livros. Nada muito cool e descolado. Mas quero - e preciso - ler mais livros, farei meu tempo render mais pra isso. A idéia inicial é ler seis livros este ano. E recomendá-los (ou não) por aqui. Já estou no primeiro e creio que é uma meta razoável e "praticável".

Entrevistas. É, pois é, pois é. Já tenho uma pronta, que devo publicar em breve, e mais algumas devem surgir nos próximos dias. A idéia é abordar inicialmente quadrinhos - não me imagino fazendo vinte perguntas ao Fernando Meirelles ou ao André Vianco.

Temas. Quero começar algumas "missões", alguns assuntos que façam as pessoas lerem o blog. As resenhas de material alternativo já são um começo. Começarei a falar também do Quadrinho Brasileiro. 2009 será o ano da minha busca pelo mítico quadrinho brasileiro de qualidade, que muita gente fala que não existe. Mas será mesmo?

O primeiro blog que acompanhei foi o finado Blogzine, do considerado Reginaldo Yeoman. Tentarei imitar aquela vibe e seguir o legado deixado. Comentar sobre o que há de bacana por aí, escrever críticas ao que está acontecendo. Enfim, falar de entretenimento. Hoje, os poucos blogs que acompanham seguem mais ou menos isso, e é o que os torna interessantes. Finalizo esse post como Yeoman finalizava o primeiro post de cada mês no Blogzine, com recomendações, coisas que creio que valerão à pena neste mês de Janeiro.

Livro da vez: Conan, o Cimério - volume 1. Publicado no Brasil pela Conrad Editora, esse volume reúne os primeiros contos que Robert E. Howard escreveu para o personagem, que viria a se tornar um dos mais conhecidos de todos os tempos. Conan é um ícone da literatura "capa-e-espada", tão conhecido e adorado quanto os hobbits e Lancelot. É quase que uma obrigação ter esse volume.

Assista: Num mês que terá vários candidatos ao Oscar, a continuação de um filme brasileiro estrelado pelo Tony Ramos e um blockbuster com Keanu Reeves, aposto minhas fichas em O Curioso Caso de Benjamin Button, dirigido pelo sempre genial David "Clube da Luta" Fincher e estrelado por Brad Pitt.

Acompanhe: Aproveite a temporada de reprises na TV à cabo e veja The Mentalist. Série bem pouco pretensiosa, estrelada por um magnético Simon Baker. Várias séries estrearam nessa temporada querendo se tornar o próximo fenômeno (sim, Eleventh Hour, eu estou olhando pra você) e falharam miseravelmente, e é justamente aquela em que eu menos botava minhas fichas que veio a melhor surpresa.

Ouvindo: Pouca coisa me interessa no meio musical. Em janeiro muito provavelmente continuarei escutando o mesmo álbum de dezembro: 808s and Heartbreak, o último do Kanye West.

Sonho de Consumo Nerd: Snake-Eyes, o mais bacana de todos os G.I. Joes ganhará, pela empresa Sideshow Collectibles, um impressionante boneco de 30cm, com uma quantidade de acessórios que eu nunca vi antes. A Sideshow é conhecida pelo esmero em seus produtos, e neste boneco à ser lançamento no primeiro quadrimestre deste ano, não sérá diferente.