domingo, março 09, 2008

Passa o celular!

Trabalho no centro da cidade, e ando muito de carro. Pra economizar estacionamento, pago uma vaga mensal num estacionamento relativamente perto do meu trabalho. Ando um cinco, dez minutos, mas economizo uma grana violenta, em comparação com os outros estacionamentos. Como trabalho das 8 às 18, nunca me preocupei muito com assalto, e fui abestado à ponto de seguir sempre o mesmo caminho, parando na mesma banca.

Enfim. Foi nessa terça-feira, dia 4, mais ou menos 15h30, e eu estava andando na calçada/meio-fio entre as duas faixas da rua que tenho que atravessar pra chegar à loja. Falava ao celular com minha namorada quando ouvi um "Ei amigo! Ei amigo!", só que, distraído pelo celular, nem dei muita atenção, até que desliguei o celular e me virei para atravessar.

Pronto, arma na barriga e um doido falando pra mim "Bora! Passa o celular! Passa o celular!". Eu fiquei tão pasmo com a situação que só consegui falar um "Como é que é?"

"Passa o celular! Passa o celular! E nem pensa em correr, senão eu te queimo"

Cara, era DE DIA! E a rua tava CHEIA DE GENTE! Eu simplesmente não estava acreditando que aquilo tava acontecendo. Tanto não estava acreditanto que falei pro cara, meio sem pensar:

"Cara, tu é doido? Tu não vai atirar, tu não é doido. Tá cheio de gente aqui, tá de dia, porra! Todo mundo vai te ver! Tu é doido? O que você tá fazendo? Se você precisa de ajuda pra alguma coisa, pede! Pede que eu te ajudo, mas pra que isso cara! Tu é doido?"

E aí... Não, eu não peguei uma bala pra deixar de ser engraçadinho. O assaltante SE CONSCIENTIZOU! E, pasme, até PEDIU DESCULPA!

"Que é isso cara, desculpaê, isso foi só uma brincadeira, não queria te assaltar, mas é que eu precisava de dinheiro pra tomar um ônibus, pra fazer uma rota aí, e tô com dificuldade".

"Pô cara, toma aqui esse dinheiro". Dei uma graninha pro cara e ele se mandou, dizendo que tava sempre por ali e que iria me pegar se eu "dedasse" ele.

Bem, eu escapei e, principalmente, mantive o celular. Mas o absurdo do assalto ficou na minha cabeça. Durante um bom tempo, só andei de ônibus, indo inclusive, à trabalho, pra alguns bairros meio perigosos da minha cidade. Nunca fui assaltado. Meu primeiro período inteiro de faculdade eu ainda não tinha carro, e andava de ônibus 22h, 22h30. Descia na parada e dava sempre uma pernada bacana até a minha casa, numa área meio perigosa e com parca iluminação, E NUNCA FUI ASSALTADO. Eu ando de carro um mil quilômetros/mês, e quase nunca pego sinal aberto. E nunca nenhum moleque veio com graça pra cima d mim pra querer meu celular, só pra lavar o vidro do carro mesmo.

Todos, sem exceção, todos os amigos que eu tenho já foram assaltados. Minha mãe, meu irmão. Todo mundo. Mas eu nunca tinha sido. Mais cedo ou mais tarde tinha que acontecer, eu sei.

Logo depois do assalto, liguei pra minha namorada e contei pra ela. Eu tava rindo de nervoso e ela nem acreditou. Voltei a trabalhar normalmente, e meus colegas, de trabalho e de faculdade, também mal acreditaram na história, que já virou lenda na faculdade.

E eu nem vou dizer quanto que eu paguei pro cara, que aí que ninguém vai acreditar mesmo na minha história.

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