sexta-feira, novembro 21, 2008

A origem de Savage Dragon

Na verdade, esse post não é sobre a origem do personagem (que chegou a ser lançado no Brasil tem um tempinho), mas sobre a minissérie que lhe deu origem...

The Savage Dragon #01 à 03
Roteiros, desenhos e arte-final: Erik Larsen
Julho, Outubro e Dezembro de 1992, respectivamente
Image Comics

Em uma palavra? Frenético. As três edições da minissérie são como um blockbuster de verão: Diálogos bacanas, ação incessante e personagens carismáticos. Mas diferencia-se ao incluir, escondido com tantas cenas de lutas, tiroteios e explosões, um roteiro interessante, que te instiga na leitora e a saber mais sobre esses personagens.

A história possui muitos dos vícios dos anos 90: Excesso de violência, sangue em profusão, dentes cerrados...
...mas, ao mesmo tempo que é um produto daquela década, é uma crítica à mesma. 
Com uma trama simples - Chicago está sendo ameaçada por uma organização criminosa que encheu a cidade de monstros - Larsen acaba refletindo sobre o estado dos quadrinhos na época. Os vilões lembram personagens da Marvel e DC Comics, mas corrompidos pela política "sanguenuszóio" do momento. Logo na primeira edição, o Superpatriota e o Poderoso (versões de Larsen para o Capitão América e o Superman, típicos heróis da Era de Ouro dos quadrinhos) são brutalmente derrotados pelos vilões. A falta de esperança de Frank Darling, um policial de Chicago, frente aos acontecimentos, parece refletir a falta de esperança do leitor comum frente ao sucesso dos heróis violentos. 

Quem poderia fazer frente à esses monstros, e honrar a memória dos heróis de antigamente?


Segundo Larsen, teria que ser também um monstro. Um monstro chamado "Dragon". Dragon entra a a polícia de Chicago, e, no decorrer de três edições, enfrenta uma variedade enorme de inimigos, apanha mais do que poderia aguentar, faz amigos, e, ao final da terceira edição, constata que ainda há muito trabalho para se fazer.

Larsen, às vezes, parece estar apenas jogando idéias no título. Mas são idéias bacanas, e é isso que importa. Os coadjuvantes são interessantes, apesar de pouco aparecerem. Star, o tenente Frank Darling, a parceira de Dragon, a policial Wilde, a vizinha Debbie Harris, e o Superpatriota, renascido como um ser mais máquina do que homem. 

A trama é corrida? É, mas em três edições Larsen dá ao leitor um aperitivo do enorme universo que criou para Dragon. Tanto quem curtia a Marvel dos anos 60, quanto quem curtia a Image da época acham o material interessante. Pode não ser a leitura mais aconselhável para quem está começando a ler quadrinhos agora, mas é, no final das contas, um material de grande potencial. Recomendo. Uma vez que você começa com Dragon, é difícil parar.

2 comentários:

Noturno disse...

Eu tenho essa mini-série principal, e na época eu ainda era um adolescente muito aborrecido sobre a saída da Marvel dos artistas fundadores da Image. Então li com muito mau gosto.


Hoje, quem sabe, eu acho que veria essa história com outros olhos, mas lembro que a piada do Badrock sobre parecer estar "num gibi da Marvel" nada mais era do que o Larsen estava fazendo. Não tinha nada de diferente do que ele fazia na sua antiga casa (mas era uma época em que eles ainda podiam cuspir no prato que comeram).

Enfim, tenho curiosidade de saber como a série continuou porque parece que coisas muito bizarras aconteceram. Isso eu tenho vontade de ler.

Abraço!

flávio disse...

Eu achei essa piada do Larsen uma alfinetada totalmente desnecessária, mas, no contexto a história, serve pra expressar a insatisfação dele com a situação dos quadrinhos...