sábado, dezembro 20, 2008

Savage Dragon e o submundo

Savage Dragon #08 à 11

Roteiro, desenhos e arte-final: Erik Larsen

Março à Julho de 2004

Image Comics


A edição começa imediatamente após o fim da anterior, em que Dragon levou uma homérica surra de Overlord. Todo detonado, sem uma das mãos, Dragon desfalece em meio à forte neve que cai em Chicago. Os dias passam. Se tornam semanas. Dragon está tão machucado que mal consegue acordar, apenas se rasteja por becos escuros – até ser encontrado por dois vilões que derrotou anteriormente, Cutthroat e Hellrazor.

Vejam bem, estávamos nos anos 90. Os personagens tinham nomes ridículos e as revistas precisavam ter uma luta por edição. Esse excesso de violência é o que muito se costuma criticar nas obras do período, mas esses mesmos críticos deixam de ver o quanto que Larsen consegue ser completamente noventista sem deixar de ser genial.


A oitava edição é um exemplo disso. Ao lado, um exemplo de sua interessante composição de quadros. Ainda que a edição seja composta majoritariamente de um seqüência de luta entre Dragon e os dois vilões, sem muito diálogo ou história, um observador mais atento vê como que Larsen brinca com a estrutura da história, brinca com a composição de páginas, brinca com a forma de se contar uma história em quadrinhos - literalmente.


Insinua que o tenente Frank Darling possa estar vivo, insere novos personagens na trama – R. Richard Richards, um pastiche de J. Jonah Jameson, Maça, um vigilante dotado de métodos bastante violentos e os policias de Chicago, que começam a receber algum destaque. Faz isso sem muita firula, sem chamar muita atenção. Pavimenta o caminho para as próximas edições e dá o leitor o que ele busca: boas cenas de ação.


Esse padrão – uma grande seqüência de luta, com tramas se desenvolvendo ao fundo – permanece pelas edições seguintes. Na oitava edição, ao passo que aprofunda a existência de Maça e o elenco de coadjuvantes de Dragon, composto por uma série de mulheres bonitas e policiais dedicados, Larsen aborda novamente o Superpatriota, que já havia aparecido nas primeiras edições, trazendo-o novamente para enfrentar Dragon. Ele é mostrado como já liberto do controle da Cyberdata, mas sendo controlado por outro pessoa - um verme que havia controlado o monstro Shrew na primeira edição da série, em mais um exemplo de que nada que Larsen faz na série é gratuito. Tudo faz parte de uma trama maior.


O interessante de ler essas edições em seqüência é justamente perceber que Larsen aprofundaos personagens, suas relações, sem fazer muito. Avança um pouquinho em cada edição, amarrando uma ponta que soltou meses atrás e desenrolando outra que só vai fechar mais pra frente. O foco, repito, é a ação, é a pancadaria, é impressionar o leitor. Mas faz isso sem ofendê-lo.

Na décima edição, as diversas tramas começam a convergir. Overlord se interessa por Maça, considerando a hipótese de incluí-lo no seu séqüito. A polícia enfrenta mais um monstro: Jimbo, o Lagosta Poderosa. E a destruição causada pelo conflito entre ele e Dragon é combustível para as críticas de R. Richard Richards. E o demônio possuidor de corpos, enfrentado na segunda edição da série, retorna, fazendo uso do ódio que Richards instiga na população contra Dragon. O tenente Frank Darling? Está vivo, aparentemente, e vai ser papai.

Por fim, na décima - primeira edição, Larsen fecha temporariamente algumas tramas, sem verdadeiramente “dar um fim” em nenhuma. As aparições de Frank Darling após sua “morte” são explicadas – ele havia sido substituído por um transmorfo, para que pudesse assistir ao parto de sua esposa em segurança. O posicionamento do violento Maça frente o Círculo Vicioso é esclarecido: apesar de tudo, ele (aparentemente) está do lado dos mocinhos. O relacionamento entre Dragon e Rupture recebe grande destaque e Dragon finalmente enfrenta Fiend, o demônio possuidor de corpos que ressurgiu na edição anterior.

É engraçado ver que uma trama que era desenvolvida apenas por uma, duas páginas por edição, como o “namoro” entre Dragon e Rupture, recebe grande destaque nessa edição. Fica a expectativa pelo vindouro destaque à Maça. A edição termina um capítulo, mas deixa todas as narrativas em aberto, numa edição curiosamente mais focado no diálogo do que nas seqüências de ação, ao contrário das últimas.


Fiend ainda está à solta. Maça pode acabar se associando à Polícia de Chicago, mas será isso uma boa idéia? As opiniões de R. Richard Richards causarão mais mal à Dragon? E o que Overlord vai fazer ao descobrir a verdade sobre o tenente Frank Darling?


MUITAS perguntas. Algumas respostas. ÓTIMAS edições de Dragon. Competentes desenhos de Larsen.

Savage Dragon é viciante. Tome logo a sua dose.

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