domingo, dezembro 07, 2008

The Darkness encontra-se com Aphrodite

Peguei a mais recente edição de The Darkness receoso. A edição anterior havia me deixado uma ótima impressão, e as expectativas estavam altas do meu lado. Mas, logo na capa, um anúncio, no mínimo bizarro pra quem esperava uma trama de terror: "Participação especial de Aphrodite IV". Aphrodite é uma outra personagem do universo Top Cow, e não imaginava uma assassina de um futuro pós-apocalíptico se envolvendo com um ex-mafioso como uma mistura que pudesse dar muito certo...

The Darkness #08
Roteiro: Phil Hester
Desenhos e arte-final: Jorge Lucas
Dezembro de 2008
Image Comics

A edição anterior foi basicamente um one-shot, uma história curta perfeita para fisgar novos leitores. Funcionou comigo, não foi? Mas essa edição é tão boa quanto a anterior nesse quesito. Uma nova trama se inicia, poucos detalhes são revelados, mas muita coisa já acontece. 

Phil Hester quer tornar o potencial de Jackie Estacado uma realidade. Diminuir os poderes da Escuridão e a capacidade de Jackie usá-los poderia parecer desnecessário, mas isso foi feito para dar menos destaque à coisas como os darklings, monstros cheios de humor negro e gore que a Escuridão fazia surgir e mais destaque à quem Jackie verdadeiramente é: um homem que já matou muito na vida, perdeu tudo que lhe era importante, e agora tem que se virar sozinho. Um malandro que sabe exatamente como e quem sacanear pra se dar bem. Nessa edição, Jackie está tentando aplicar um golpe usando um carregamento de armas no mercado negro, mas seus planos são frustrados por uma misteriosa mercenária de cabelo verde - a tal da "Aphrodite IV". 

Hester brinca com o leitor. Relega a escuridão à mera coadjuvante, aparecendo tão pouco que mal se percebe. A estrela é Jackie. Um homem impulsivo, mas cheio de recursos. A batalha entre ele e Aphrodite é muito bem conduzida, com direito ao politicamente incorreto uso de animais como escudo. O mesmo pode ser dito dos diálogos entre Jackie e qualquer personagem. Jackie possui uma "voz" identificável, você reconhece o personagem nos diálogos, sem forçar a barra nem parecer um bando de letras juntas. Sabe aquele pensamento de "é bem isso que ele diria mesmo"? Pois é isso aí.

Sobre a arte de Jorge Lucas não há muito pra se falar. O cara manda muito bem. Nessa edição, lembra bem menos o Gary Frank e cada vez mais o Jae Lee, com uma arte mais limpa e cheia de referências fotográficas. A colorização de Lee Loughridge contribui, e muito, para passar essa impressão. 

A edição termina com um gancho - claro, estamos apenas no início do arco. As respostas? Só na próxima edição. Há ainda a importante adição de uma página explicativa, que introduz o leitor novato - eu - à Aphrodite, explicando um pouco sua origem e o fato de ser antecessora da personagem criada por David Finch e David Wohl, cuja série até já foi publicada no Brasil. Nada de futuro pós-apocalíptico aqui, apenas um assassina que já passou pelo devido treinamento (essa, pelo visto, não é sua primeira aparição) e cuja missão é capturar Jackie. Interessante ver essa integração entre os personagens da Top Cow. Mostrar um universo coeso, com os acontecimentos de um título repercutindo no outro mostra que há um planejamento à longo prazo pela parte editorial, o que me permite pensar que teremos boas histórias de Phil Hester por um bom tempo - e, quem sabe, eu não acabe dando uma chance à Witchblade de Ron Marz?

2 comentários:

Noturno disse...

Eu pessoalmente tenho birra da Top Cow. Achei o Cyberforce uma cópia MUITO deslavada dos X-Men, com direito a termos como "mutantes" (e, pasmem, perseguidos!) e uma Mística chinfrim.

Mas depois o Silvestre foi dando destaque a outros heróis que tinham um que de original como a Witchblade e... o Darkness.

Bem, nunca li Darkness e até hoje não tenho interesse em saber em que pé anda o título, mas lendo seu review gostei muito de saber que Phil Hester está mandando bem como escritor! Gosto muito dos desenhos dele e lembro de uma entrevista que ele deu quando assumiu o Darkness (ao mesmo tempo que desenhava o novo Homem-Formiga para a Marvel).

Tenho uma dúvida. Quando o Dale Keown saiu do Darkness, que fim ele levou no mercado?

Abraço!!!

flávio disse...

The Darkness é um daqueles títulos que eu jamais teria dado atenção, se não tivesse entrado numas de "alternativo".

O Keown continua, aparentemente, trabalhando pra Top Cow, desenhando capas pra The Darkness aqui e acolá. ANO PASSADO era pra ter saído um crossover entre o The Pitt, personagem que ele criou na editora e o Darkness, mas, até agora, nada...